ATAQUE ESPIRITUAL
ATAQUE ESPIRITUAL
INCUBUS. SUCUBUS. PARALISIA DO SONO. RELATO DE MINHA EXPERIÊNCIA COM O FENÔMENO.
FIM DOS ANOS 80 - PRIMEIRO CONTATO.
O maior problema em fazer uma autobiografia é justamente a parte onde temos que falar de outras pessoas. Embora os eventos estejam localizados há mais de 4 décadas no meu passado, muitas pessoas envolvidas ainda estão por aqui. E certamente podem não gostar ou não concordar com minha perspectiva.
Isso sem contar a parte onde temos que narrar a morte de pessoas envolvidas na experiência. Infelizmente, os parentes do falecido ou falecida tem a mania de transformar o cadáver em herói e editar a história de vida do mesmo, subtraindo cinicamente as partes podres, que são fundamentais para entender o relato.
Mas vamos aos fatos.
Eu tenho um primo, por parte de nossas mães, 6 meses mais novo que eu.
Durante a adolescência, dos 16 até os 19 anos, era muito comum eu passar fins de semana na casa dele, o que para mim era um evento cósmico.
Fazia tudo o que não podia fazer em casa.
Passávamos a madrugada em claro, assistindo programas proibidos, que iam do 3ª Visão do Gasparetto, até o Comando da Madrugada.
As vezes nos embrenhávamos na mata em frente ao bairro, ávidos por um contato sobrenatural qualquer, não importando se fosse assombração ou disco voador.
Porém, por volta de 87, houve um acontecimento perturbador com meu primo, que durou semanas.
Durante as madrugadas, ele acordava minhas primas e meu tio João com gritos pavorosos.
Ao entrarem todos ao mesmo tempo pela porta do quarto, para socorrê-lo, todos acabavam apanhando!
Sim, entravam no cacete, tentando acordá-lo do que parecia um pesadelo.
Mas meu primo não acordava.
Se debatia na cama, distribuindo socos e pontapés pra todo lado, acertando ora o focinho de uma irmã, ora o nariz do pai.
Só depois de muito esforço e muitos hematomas e cicatrizes é que a equipe de resgate conseguia acordá-lo.
E dava pena de ver o rapaz.
Suado, aterrorizado, ofegante.
O que foi Alfredo. era a pergunta nos primeiros episódios.
- Um bicho preto enorme me atacou e eu estava lutando com ele.
Noite após noite, era essa a rotina daquele ano, nos fins da década de 80, nos fins do século XX, do milênio passado.
Só a pergunta mudou depois de alguns ataques.
- Foi o bicho preto de novo?
A pergunta era retórica. Ninguém esperava a resposta.
É claro que nem meu tio e nem minhas primas falaram disso para os parentes, amigos ou vizinhos.
Eu soube apenas quando apareci para passar um fim de semana.
Minhas primas me receberam e puxando para um canto da sala logo me alertaram:
Não vai se assustar com o Alfredo, se ele acordar gritando de madrugada.
Fiz uma piada qualquer e demos umas boas risadas.
Mas de madrugada, ninguém iria rir.
Não tanto por ser acordado com gritos de terror, mas em função do clima, da atmosfera que invadia o quarto quando meu primo era atacado.
Todos podiam sentir uma energia ruim no ar. E ninguém achava graça.
E foi assim que eu testemunhei um dos ataques.
Os gritos horrorosos do meu primo rasgavam o silêncio da madrugada, como uma faca afiada rasga um tecido fino.
Antes que eu pudesse me levantar, o esquadrão formado pelo meu tio e minhas 3 primas entrava ao mesmo tempo pela porta do quarto, com água, terço, bíblia, incensos e benzimentos.
Depois de resgatado do sono e de terem nos deixado a sós no quarto, tentei falar com meu primo.
A porta estava fechada mas a luz estava acesa.
- Alfredo, não sei o que você vê nos sonhos, mas dá pra sentir a presença desse bicho aqui no quarto....ainda está aqui.
Disse isso a primeira vez e a luz piscou.
Meu primo arregalou os olhos e me avisou:
- Cala a sua boca....se falar mais alguma coisa eu vou te cobrir na porrada acordado mesmo.....
Eu, arrepiado com aquela presença invisível e maligna, ainda insisti:
- Você não está sentindo?
Não tinha nem terminado a frase e a luz apagou de vez....
Meu primo cumpriu a promessa e voando na minha garganta, me encheu de porrada.
Quando o esquadrão de resgate entrou a um só corpo pela porta adentro, não conseguiram acender a luz.
E para surpresa geral, quem estava gritando era eu.
Foi com muita dificuldade que conseguiram tirar meu primo de cima de mim e ao ser arrebatado por 3 ou 4 pares de braços, ainda dava socos e pontapés no ar, completamente lúcido e acordado, doidinho pra me arrebentar....
EXPERIMENTANDO NA PELE
O ano era 2007.
A vida havia ditado caminhos bem diferentes para mim e para meu primo. Nos separamos em 1989, quando ingressei na Força Aérea.
Ele que deveria ter se alistado comigo, acabou dispensado do Serviço Militar Obrigatório, alistando-se no 2º Regimento de Carros de Combate, também de Pirassununga/SP e sendo incluído no excesso de contingente.
O que se passou comigo entre 89 e 2007 será explorado nesse blog, ao longo das postagens futuras.
Mas preciso resumir tudo ao ano de 2007, ano em que eu mesmo fui atacado.
Graças ao bom Deus, ao enfermeiro Cléber (Que Deus o tenha.) e à minha Fé, posso dizer que minha reação foi bem diferente da de meu primo, caso contrário é bem provável que não estivesse aqui agora, digitando nesse blog.
Para começo de conversa, não fui atacado em meu quarto, rodeado por entes queridos, prontos para me socorrer.
Eu havia perdido tudo em 2007.
Havia sofrido uma ação de despejo. Minha esposa e minha filha foram acolhidas pela sogra. Os parentes do meu lado e do lado dela não queriam nem me ver por perto.
Meu primo mesmo foi um dos que procuraram minha esposa.
- Veja quanto fica uma internação e nós pagamos. Ele precisa ficar lá pelo resto da vida, não tem jeito com ele.
Engraçado que ajudar no aluguel, ninguém apareceu para ajudar. E olha que era uma fração do preço da hospitalização psiquiátrica.
Mas enfim.
Não resisti ao abandono, ao que eu julgava ser minha grande derrota.
Tentei suicídio depois de vagar 3 dias e 2 noites pelas ruas da cidade.
Fui parar na Clínca Sayão, no exata aniversário de 8 anos de meu casamento.
29 de maio de 2007.
Ao chegar fui reconhecido por um enfermeiro, o Cléber.
- Você não passou ontem à noite por uma igreja evangélica no centro da cidade?
Lembrei que sim e concordei.
- Pois é. Eu estava tocando guitarra no grupo de louvor e vi você. Um indigente que entrou, pediu um copo de água e não parava de chorar.
Lembrei dos detalhes.
Foi uma longa madrugada aquela que precedeu minha hospitalização.
Como já mencionei, muitos detalhes ainda vão ser narrados em outras postagens.
O foco aqui foi minha experiência com o tal bicho preto.
E foi desse jeito exato:
Era a véspera de minha alta hospitalar.
03 de julho de 2007.
Eu iria embora pra casa no 4 de julho!
Minha esposa havia conseguido alugar um imóvel, na rua do Hospital São Luiz, pertinho do Lago Municipal, principal cartão postal de nossa cidade.
Já havia feito uma visita supervisionada, antes da alta definitiva e sabia que tudo estava preparado para me receber, após 37 longos dias de internação.
E naquela noite fria, por volta de 23:00, eu tentava me aquecer, deitado de lado e enrolado em dois cobertores.
No quarto haviam talvez 10 ou 12 camas e se me recordo bem, metade estava ocupada.
Foi então que aconteceu.
De início foi o som.
O som inconfundível das garras de um grande cachorro, avançando velozmente pelo corredor de nosso pavilhão ou ala, em direção à porta de nosso quarto.
"Quem foi que deixou um cachorro desse tamanho solto aqui?" pensei com meus botões, me levantando e tentando sentar na cama.
Não tive tempo de completar o movimento.
Ainda estava nesse processo de me levantar e sentar, quando o bicho parou por um instante na porta do quarto.
Era maior do que eu pensava.
Do tamanho de uma onça, como as do nosso zoológico, no lago municipal
Sua pele parecia ser de fumaça muito negra e muito densa. Parecia até ser FUMO DE CORDA.
Mas não tinha cabeça.
Foi muito rápido esse momento.
Numa fração de segundo, o bicho pulou sobre mim.
Senti cravar suas unhas em meus braços, apertando até ser insuportável.
E á aqui que se fez a grande diferença, que determinou minha alta hospitalar, na manhã seguinte.
Não senti medo e não tentei lutar.
Eu havia recebido todos os dias, a visita do Cléber, o enfermeiro / levita da igreja.
Vinha sempre com um folheto e mensagens bíblicas, me evangelizando e tentando "ganhar minha alma para Jesus"
No último dia de minha hospitalização, na véspera de minha alta médica, o esforço do Cléber fez toda a diferença.
Apenas procurei onde deveria ficar a orelha da criatura, no vazio deixado pela cabeça inexistente e disse em voz baixa, com muita firmeza:
"Eu não tenho medo de você. Pelo Sangue do Senhor Jesus Cristo eu determino que vá embora."
Imediatamente, o corpo da criatura, que parecia ser feito de fumo de corda começou a se dissipar lenta e progressivamente, até restar apenas uns ciscos flutuando no ar.
Cuidadosamente eu me levantei então, concluindo o movimento interrompido pelo atacante.
Sondei meus companheiros de quarto, para saber se eu não tinha acordado alguém.
Estavam todos dormindo.
Assim como o enfermeiro, lá na ponta do corredor, no posto de enfermagem de nossa ala.
No dia seguinte, fui ver o médico.
- Como é que está se sentindo? Teve algum pesadelo ou alucinação?
Achei estranha a pergunta. Será que ele sabia?
Afinal, qual instituição psiquiátrica não está atrelada à um centro espírita?
Respondi firmemente que não. Mas fiquei pensando mais coisas. Será que ele também era kardecista? Assim como o Diretor da Clínica, o Dr. Ismael Biágio?
Sem contar que ao lado da diretoria, com um portão acessando o lado de fora da clínica, havia o Centro Espírita, com reuniões todas as quartas feiras.
Poderia ser cômico se não fosse trágico. Os mesmos profissionais que te recebem com um diagnóstico de esquizofrenia, por estar vendo coisas e ouvindo vozes, te abordam em algum ponto da internação, convidando você para as sessões, como uma forma de apoio terapêutico. E lá te revelam que você tem mediunidade e que está sofrendo ataques de espíritos obsessores....
- E quanto a medicação? Está se sentindo bem? Não teve mais efeitos colaterais?
A segunda pergunta interrompia meus pensamentos.
Respondi que estava tudo bem.
- Está com frio?
Não estava tão frio assim, mas fiz questão de abotoar os punhos de uma camisa de manga longa.
Na parte interna de meu antebraço, um pouco acima da dobra do cotovelo, haviam duas manchas roxas enormes, resultado do ataque sofrido na noite anterior.
- Você está liberado. Siga rigorosamente as prescrições e atividades da psicoterapia nos próximos meses e boa sorte.
Pegando meus papéis das mãos do médico, fui encontrar minha esposa e minha filha e parti, recomeçar minha vida, que jamais seria a mesma.
A MORTE DO CLEBER.
Por muitos anos, convivemos juntos, dividindo várias vezes os púlpitos das igrejas onde eu contava meu testemunho.
Em dezembro de 2007, num ato de Fé, decidi parar completamente com a medicação, pois não tinha mais como seguir com um pé em cada canoa. De um lado, a psicoterapia me mantinha acorrentado em psicotrópicos e atividades pueris, como bordado e desenho. De outro, na igreja, ouvia todos os dias as mensagens mais diretas, pela boca dos mais diversos homens e mulheres de Deus, sobre o Poder que há no nome de Jesus e no meu chamado missionário.
Não parei de uma vez. Fiz por conta própria o desmame, dividindo e fracionando toda semana a medicação, até que ela desapareceu.
Quando acabou, experimentei a abstinência química de uma forma violenta.
Tive crises de pânico e alucinações.
Como havia pesquisado na literatura médica, sabia que era um efeito químico, natural, previsível e esperado e tratei de dominar a minha mente, da melhor forma que pude.
As crises duraram cerca de trinta dias.
Depois tudo se acalmou.
Acalmou pra mim e começou a ferver pro lado do Cléber.
Poucos meses após minha alta, ele se divorciou.
Eu e minha esposa acolhemos ele, num dos quartos da casa, próxima ao lago municipal. Eu acordava normalmente às cinco da manhã e fazia café para meu amigo, que entrava às seis no hospital.
Pelo seu esforço em me evangelizar diariamente, acabou demitido da clínica, mas imediatamente havia sido contratado por outro hospital.
Com o passar dos anos, perdemos contato.
Foi então que soube da tragédia.
Uma unidade de resgate atendeu a um chamado de emergência. Um homem estava completamente surtado, fugindo de algo invisível, alucinado.
Contido pela equipe, foi transportado amarrado, até a emergência do Hospital São Luiz, duas quadras acima da casa onde havíamos morado por um tempo.
Alguns colegas falaram com ele, quando enfim desembarcou, aparentando ter recobrado a consciência.
Dizendo que estava tudo bem, levou a equipe a acreditar tanto nisso, que desataram as amarras que o imobilizavam.
Imediatamente, ele começou a se agitar e saiu correndo pelos corredores, subindo os lances da escadaria que levava até a janela de um banheiro, lá na UTI Pediátrica, no 3º andar.
- TIRA ESSE BICHO DAQUI.
Foi um dos últimos gritos que deu, segundo uma testemunha, que não conseguiu impedir meu amigo de passar o corpo pela janela do banheiro e saltar.
Antes de atingir a calçada, bateu na cobertura recém construída, sobre a entrada de ambulâncias do Pronto Socorro.
Não fui no seu funeral.
Meu amigo Cléber, com o uniforme da enfermagen, no sofá da casa da Armando Salles, onde convivemos em família, por algumas semanas. Clique na foto para ler uma das matérias sobre seu falecimento.


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